Canal Extremadura Radio celebra el Día de Portugal, de Camões y de las Comunidades Portuguesas
Jueves, 10 Junio 2021

Cada 10 de junio, los portugueses y portuguesas celebran su fiesta nacional. El Día de Portugal, de Camões y de las Comunidades Portuguesas se celebra en esa fecha desde el año 1580, día del fallecimiento del escritor y poeta del Siglo XVI, Luis de Camões, considerado como uno de los más grandes exponentes de la lengua lusa.

Para este especial de Canal Extremadura Radio, contamos con la colaboración de varios alumnos y alumnas de la Escuela Oficial de Idiomas de Mérida, estudiantes de Portugués. La elección de los textos ha corrido a cargo de la profesora Inmaculada Guillén, colaboradora del Informativo Primera Hora. 

A continuación desglosamos los textos y los autores de los mismos. Todos son un homenaje a la lengua portuguesa y al país vecino.

 

La primera lectura corresponde a Inma Guillén, se titula 'Carta de Amor a Portugal', del periodista y escritor Miguel Esteves Cardoso.

"Portugal, estou há que séculos para te escrever. Apaixonaste-me sem que eu desse por isso. Insinuaste-te. Não fui eu que te escolhi. Quando descobri que te amava, já era tarde de mais.

Teria preferido chegar à conclusão que te amava por uma lenta acumulação de razões, emoções e vantagens. Mas foi ao contrário. Apaixonei-me de um dia para o outro, sem qualquer espécie de aviso, e desde esse dia, que remédio, lá fui acumulando, lentamente, as razões por que te amo, retirando-as uma a uma dentre todas as outras razões, para não te amar, ou não querer saber de ti.

Custou-me justificar o meu amor por ti. És difícil.

E, a partir de certa altura, quando já são seis ou sete razões que se foram arranjando ao longo dos anos, deixamos de amaldiçoar este amor que nos prende a ti e, inevitavelmente, começamos a sentir-nos, muito estúpida e secretamente, vaidosos por te amarmos.

Digo nós mas falo por mim. Digo eu sabendo que não sou só eu, que nós somos muitos. Se calhar estamos todos, de vez em quando, um bocadinho apaixonados por ti.

Desculpa lá dizer-te isto, Portugal, mas amar-te é uma coisa simples.

Amo-te, aconteça o que acontecer. Amo-te por causa de ti. Não é apesar de ti. É por causa de ti. Não há outra razão. Nem podia haver uma razão mais simples.

Por muito que te custe ouvir (apesar de eu saber que não só não te custa nada como gostas de ouvir), digo-te: é tão grande o meu amor por ti que até consigo amar-te sem dar por isso.

Já viste?"

 

Miguel Esteves Cardoso, in ‘Jornal Público’ (10 Junho 2011)

Miguel Esteves Cardoso (Lisboa, 1955) es un autor português actual de gran transcendencia mediática. Es crítico, periodista y escritor. Su obra (extensa no, extensísima) abarca un poco de todo, siendo definido como un “influencer” antes de que existieran los “influencers”. Ha publicado lindísimos retratos sobre Portugal y sus gentes, pero, al mismo tiempo, tiene igualmente publicaciones de carácter muy ácido, muy crítico, hirientes en ocasiones.

 

La segunda lectura corresponde a la alumna Marta Sánchez, nivel A2 de Portugués. Lee a la escritora y periodista Clarice Lispector. Se titula 'Declaração de amor' 

"Esta é uma declaração de amor; amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Às vezes assusta com o imprevisível de uma frase. Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida. O que recebi de herança não me chega. Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida"

 

Clarice Lispector 'In A Descoberta do Mundo (1984)' Clarice Lispector (Chechelnyk, Ucrania, 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977) fue una escritora y periodista que llegó a Brasil siendo muy pequeñita, con sus padres y sus dos hermanas. Su obra inicial fue Perto do coração selvagem, publicado cuando tenía solo 24 años; y, a partir de aquí, surgen obras como Laços de familia y A hora da estrella.


La tercera lectura es un extracto del texto 'Portugal' del escritor Miguel Torga, leído por el alumno Pedro Murillo, nivel A2 de Portugués. 

"Há nações que nascem feitas e nações que se fazem. Portugal é das que se fizeram, contra todos e contra tudo, e nunca teve sossego nas fronteiras, que chegaram a situar-se nos cinco continentes.

Invadido sucessivamente por muitos povos, a nenhum se submeteu inteiramente. Na essência, permaneceu o mesmo, dono e senhor da sua personalidade profunda. E sempre cordial. Quem percorre o país de norte a sul pode queixar-se de tudo, menos dos panoramas e, ainda menos, das gentes.

Original na maneira de ser, de sentir e de pensar, a cultura universal deve-lhe um modo específico de encarar a vida e os valores.

Claro que, ao lado deste Portugal, telúrico e arcaico, ainda não desfigurado na alma, escudado na sua castidade moral, existe um outro, contemporâneo do presente, cosmopolita e cultivado.

Mas o Portugal letrado, por muito que tenha feito, não pode, nem de longe nem de perto, comparar-se ao iletrado, pela tenacidade, pela honradez, pela audácia, pela graça espontânea pela nobreza de sentimentos"

 

Miguel Torga, in 'Diário (1988)'

Miguel Torga (Vila Real, 1907- Coimbra, 1995) fue un escritor portugués de los más importantes del siglo XX. Con más de 50 obras publicadas, fue ensayista, poeta, escritor de cuentos, novelista y dramaturgo. Hizo de todo, el señor y, además, lo hizo bien. Tiene páginas deliciosas en sus cuentos, por ejemplo. Y la hondura humana que aparece en su poesía (en la que yo he leído, por lo menos) es de una gravedad tan densa que parece que cada palabra pesa por sí misma. Inicia su vida literaria en 1928, con el libro de poemas Ansiedade. Fue varias veces candidato al premio Nobel de Literatura y recibió varios premios como el Premio do Diário de Notícias (1969), el Premio Camões (1989) o el Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1992), entre otros.

 

En cuarto lugar, escuchamos a Mar Herrera, también estudiante del nivel A2 que lee un pequeño poema del escritor Luís Vaz de Camões titulado 'No mundo, poucos anos…' 

"No mundo, poucos anos e cansados vivi, cheios de vil miséria dura; foi-me tão cedo a luz do dia escura que não vi cinco lustros acabados. Corri terras e mares apartados, buscando à vida algum remédio ou cura; mas aquilo que, enfim, não quer ventura, não o alcançam trabalhos arriscados.  Criou-me Portugal na verde e cara pátria minha Alenquer; mas ar corruto, que neste meu terreno vaso tinha, me fez manjar de peixes em ti, bruto mar, que bates na Abássia fera e avara, tão longe da ditosa pátria minha!"


Luís Vaz de Camões (1524- 1580)

 

La penúltima corre a cargo de José Manuel Cortés, estudiante de nivel A2, que lee a José Luís Peixoto. El título 'Saudade'

"Em momentos como agora, lembro-me de ti com muita força, com detalhes. Saber que existes neste mesmo instante, lá longe, inunda-me. Por baixo de tudo, quase sempre sem palavras, há essa certeza. Seria insuportável um mundo em que não existisses.

Portugal, eu sei que uma parte da falta que sinto de ti é a falta de mim próprio. Às vezes, misturo-me contigo na minha cabeça. Como um enorme espaço vazio, como um fantasma invisível, a ausência daquele que fui passeia-se em ti, Portugal.

Mas também sei, Portugal, que uma parte enorme da falta que sinto de ti é falta desse teu corpo subjetivo, desse teu ar, do teu porte, da tua presença física. Às vezes, nos lugares por onde passo, quando me lembro de ti como agora, quando me enches os olhos, parece que te vejo em toda a parte"


José Luís Peixoto, in 'Up' (Revista)

José Luís Peixoto (Galveias, 1974) es uno de los autores más representativos del panorama literario actual en Portugal. Sus obras están traducidas en más de treinta idiomas. Tiene publicaciones relativamente conocidas y deliciosas como Nenhum Olhar (2001), vencedor del Premio Literario José Saramago; Livro (2010), ganador del premio Libro d´Europa, concedido en Italia a la mejor novela europea o Galveias, premio Océanos no Brasil, em 2016.

La última lectura, para el cierre de este especial radiofónico sobre Portugal, corre a cargo de nuevo de la profesora Inma Guillén. Es la segunda parte de 'Carta de Amor a Portugal', del periodista y escritor Miguel Esteves Cardoso.

Las músicas utilizadas son canciones de la artista Mariza, 'Há Palavras Que Nos Beijam'. También de Cristina Blanco 'Sete Pedaços de Vento'. Y del grupo Madredeus, 'Coisas Pequenas'